quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Produtos Apple na publicidade: disfarçados e abusados!

Um caso de utilização não prejudicial
Através de uma voltinha pelos sites noticiosos e da imprensa escrita nacional, deparei-me, no site do jornal Expresso, com um muito simpático anúncio de um stand da Citroen (de Sacavém) onde utilizam um Mac disfarçado (sem o logotipo da maçã) para publicitarem-se do seu novo site (penso eu).


Reparem como até colocaram na lateral do computador uma chave de ignição para fazer arrancar o site (deve ser). Até aqui tudo normal.
O modelo em causa, para quem desconhece, é o iMac de 2007. Aqui temos um exemplo publicitário e até feliz, pois o que está na imagem do monitor é a representação do site que nos é convidado a visitar. É usada a campanha de forma criativa, com humor e fantasia até, mas sem repercussões na imagem do produto e o seu uso. O ter sido retirado o logotipo da Apple no produto, compreende-se pois a publicidade é dirigida á marca automóvel e não à informática.
Para mim, passa e positivamente.


Exemplo de um caso mais estranho e grave e que deturpa o funcionamento de um produto Apple

Sei é que existem casos muito mais graves que o exemplo citado acima.
De tantos casos graves do uso abusivo da marca Apple na nossa publicidade nacional, recordo um exemplo gravíssimo que o banco Montepio "patrocinou" recentemente.
Cliquem na imagem para ampliar (proveniente daqui):


Desta vez usaram o iPhone da Apple, para mostrarem o funcionamento do serviço Netmóvel24 do Montepio. O problema é que recorrem a screenshots de um outro equipamento, que é de um PDA com Windows Pocket PC. Ora o iPhone não tem o funcionamento de um vulgar PDA e nem tão pouco usa Windows para funcionar (graças ao deus Steve Jobs!).

Tecnicamente passa-se ainda outro facto neste caso do Montepio. É que nas instruções da página se percebe que o endereço do site a consultar para este serviço é diferente dos normais, o que pressupõe um site feito de propósito para dispositivos móveis sem um browser a sério. O iPhone tem um browser a sério, o Safari, e não uma solução de desenrrasque. Com o iPhone bastaria ir normalmente ao site institucional do Montepio apenas...

Assim, vislumbrar esta publicidade sem escrúpulos, nojenta, abusadora e enganadora, só se pode traduzir na má imagem que alguém está a produzir para o banco Montepio.
Enfim, ao menos ficamos a saber que têm um departamento de marketing mesmo fraquinho e que não medem as suas decisões. Coitadinhos, é que não sabem mais...


Outro exemplo de um caso com diferente uso e muito mais enganador

Ainda se pode evocar um outro estilo de uso abusivo da inovadoras tecnologias da Apple. Neste caso ainda se torna mais grave para o consumidor: é que na imagem vemos um PC a funcionar não com o Windows mas sim com... o Mac OS X (o sistema operativo da Apple).
Cliquem na imagem para ampliar (proveniente também do mesmo blog):

De notar que nesta situação até usaram o Leopard, a mais recente versão do Mac OS X, a funcionar num PC. O sistema operativo da Apple funciona exclusivamente em computadores da Apple. Na imagem o que vemos é um PC da Packard -Bell e esse usa de raiz um sistema Windows. 
Porque não colocaram lá uma imagem do Windows?
Será que não é tão interessante uma imagem do Windows?

De notar ainda a forma como funciona a fonte utilizada no cabeçalho, pois o ponto de exclamação usado ao contrário faz parecer um "i". A frase acaba por se ler "iStocks Fuera!". A Apple usa imenso o "i" no inicio dos seus produtos, fazendo uma alusão ao potencial do uso da internet que esses produtos têm. Exemplos: iTunesiPod, iPhone, iLife (iPhoto, iMovie, iDVD e iWeb), etc... só para citar alguns!

Quem deveria responder a isto tudo deveria ser o departamento de marketing do Carrefour. Irresponsáveis por aceitarem qualquer coisa...


Conclusão:

O que me assalta a ideia é o porquê de usarem muito mais vezes os  produtos da Apple em anúncios. Principalmente, quando essas campanhas publicitárias nada têm a ver com os produtos Apple.
De fora deixei o caso do cinema porque aí na maior parte dos casos é patrocinada pela marca ou representantes dela (o caso dos programas da TVI).

Será que é devido ao factor da publicidade ser feita por designers, que usam Macs, e os leva a usar aqueles "modelos" que mais conhecem e veneram?

Será que é por os produtos da Apple serem muito mais apresentáveis e com mais estilo, que qualquer PC e afins?

Será correcto isto fazer-se, ao usar repetitivamente sempre a mesma marca apenas pelo seu look que dá à publicidade?

A minha opinião pode ser revelada se transformarem estas perguntas em afirmações.
Mas não sei, não...

6 comentários:

Anónimo disse...

Tens um bocado a mania da perseguição, não? Além do mais eu gosto de Apple. Muitas pessoas gostam de Apple. Vantagem competitiva, já ouviste falar?

ArmPauloFerreira disse...

@anónimo:
Mania da perseguição? Talvez sim e talvez não.
Vantagem competitiva? Eu não vejo nenhuma vantagem nos casos vergonhosos que citei do Carrefour e do Montepio. Entendo pelas palavras deixadas não incomodarem os casos citados. É que depreendo que então achas bem enganar e usar os outros. Se entidades como estas até na publicidade o fazem (ou a aceitam), então no resto das suas acções como serão?

Pumpkin disse...

Olá!

Antes de mais parabéns por este artigo curioso e, na minha opinião, muito bem elaborado. Nunca me tinha apercebido da forma como os artigos da Apple são usurpados de maneira tão inconsciente (tendo em conta aqueles dois exemplos apresentados).

Sou aluna do 1o ano de Jornalismo e Ciências da Comunicação da FLUP e estou a elaborar um trabalho sobre a Publicidade Institucional da Apple para a cadeira de Comunicação Empresarial e gostava de saber se posso utilizar alguma da informação que está presente no teu blog. Seria bastante útil, tendo em conta o tema do nosso trabalho.

Mais uma vez parabéns pela postagem.

ArmPauloFerreira disse...

Obrigado pelas simpáticas palavras. Pode sim basear-se no meu artigo pois são casos que referi que facilmente se podem identificar por aí.

Ahh... e como poderia dizer não a alguém que também faz "Eco"!
Continua a fazer Eco menina, à vontade!

Rodrigo Taveira Levy disse...

Boas, o artigo está bastante interessante. Bem reparado como é abuso a utilização da imagem dos produtos Apple no marketing nacional e internacional. Mas é sem dúvida uma imagem de marca que marca a diferença.

Gostaria também de referir que, em primeiro lugar, os PC's correm sim o MAC OSX, a estrutura dos processadores Intel Core suporta o MAC OSX, e ainda mais foi um grande erro da sua parte em ter atirado para o ar o facto do ponto de "!" estar ao contrário, pois bem no vocabulário espanhol eles usam mesmo o "!" ao contrário no inicio de cada frase exclamativa e finalizam-na com o o mesmo na posição correcta para nós, o mesmo se aplica às frases de questão. Este ponto é da sintaxe dos espanhóis, e não um "ataque" à Apple e aos seu produtos.

Deve-se ainda referir que não está especificado no folheto qual o sistema operativo que o computador tem com ele. E nunca esquecer aquelas linda palavrinhas que vêm em pequeno no fundo folheto em que eles descartam a possibilidade de a pessoa poder vir a reclamar dizendo salvo stock existente ou erro de tipografia.

ArmPauloFerreira disse...

@ Rodrigo T Levy: Que lhe fique claro que todos os computadores não-Apple que tenham um Mac OS X a funcionar, estão a violar as condições impostas pela Apple (EULA). Expressamente ilegal. No caso da publicidade que o Carrefour espanhol fez além de publicitar comercializar algo que não é possível, é ainda irresponsável perante os clientes e a veracidade do que vende.
Não está especificado qual é o sistema na imagem? Ó amigo, qualquer um que perceba bem de Macs, só de olhar para a imagem diz-lhe logo qual é... tal como o fiz!

Quanto aos maneirismos da linguagem espanhola e a sua escrita e pontuação... será que leu bem o que está no texto?
(...) "a forma como funciona a fonte utilizada no cabeçalho, pois o ponto de exclamação usado ao contrário faz parecer um "i". A frase acaba por se ler "iStocks Fuera!". A Apple usa imenso o "i" no inicio dos seus produtos" (...)
Como sou do sector das artes gráficas e lido com estes jogos visuais, neste caso jogou-se com a fonte de estilo "round" e com um ponto de exclamação (como já bem referia no texto) obtem-se subtilmente uma segunda leitura da exlamação. É um truque sem mal nenhum... não fossem os já presentes relacionamentos á Apple subliminares. Como se este PC coitadinho estivesse associado aos produtos Apple...